A necessidade da criação de produtos para a nova classe média

Estudo encomendado pelo Consultative Group to Assist the Poor (CGAP), organismo internacional baseado no Banco Mundial, procurou compreender a realidade financeira das classes emergentes no Brasil e suas relações com instrumentos financeiros. Para tanto, solicitou um levantamento para a Consultoria Plano CDE. A Luciana Aguiar sócia diretora da Consultoria destacou que "definitivamente a noção de dívida entre os mais pobres não é a mesma dos economistas. Afinal, para eles, dívida é o que não conseguiram pagar - se renegociou ou parcelou um bem, não é dívida. O pagamento pode estar até atrasado, mas a pessoa só considera dívida quando decide que não vai pagar." Explica que é bem verdade que não pode expandir o dado das pesquisas para 100% do Brasil, afirmando que metade da classe média, que reúne 98.000.000 de pessoas - incluindo os 64 milhões da classe C, estão nesta condição, mas que é possível dizer que há uma forte propensão a esse comportamento. Por outro lado, embora 71% da parcela de pessoas mais pobres no país sejam as que paguem as contas em dia, para fins de crédito, são as consideradas de "alto risco". Celso Amâncio, ex-diretor das Casas Bahia com larga experiência na expansão do crédito para famílias de classe média, sem comprovação da renda, desde quando o grupo tinha apenas 13 lojas no Brasil, explica que ao estimular a ascensão destas pessoas, sem orienta-las financeiramente, ou seja, sem fornecer-lhes "educação financeira", armaram uma bomba relógio. Esclarece que muitas famílias desta parcela da população financiam suas dívidas, em função da renda inconstante, obtendo cerca de 5 cartões de créditos, e renegociando as dívidas, vão migrando de um para outro cartão, usando o cartão de crédito de outras pessoas da família inclusive, até que num dado momento se perdem e não conseguindo pagar, vão para os feirões de crédito, criados exatamente porque já se percebeu que esta situação se complicou muito. Mas é preciso dizer, hoje estas pessoas que ascenderam socialmente tem contas para pagar que não tinham antes na época do carnê, como por exemplo: celular, tv a cabo, internet, etc. A conclusão é que há uma necessidade de se investir em linhas de crédito com juros menores, para este nicho da população que ascendeu, que sem alternativa acaba ficando a mercê das altas taxas de juros (10%/ mês) cobradas pelos cartões de crédito, oferecidos pelo comércio e bancos. Assim como criar condições para a produção de produtos com custo reduzido e destinado a esta parcela da população.

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