Como surgiu a moeda fiduciária? (que hoje chamamos de Dólar, Libra, Yen, Peso, Real, Euro...), e de tabela, a inflação?!

È interessante verificar a história do surgimento da moeda e da economia. Na antiguidade, enquanto uma família produzia arroz a outra produzia feijão, e assim, sucessivamente percebendo-se que além do necessário para a sobrevivência, sobraria uma parcela da colheita de cada família. O que fazer com esta sobra, além de guardar um pouco, como reserva? Não demorou muito para que as famílias, começassem a trocar o seu excedente de colheita por outros produtos que também necessitavam cotidianamente, portanto, quem produzia arroz, poderia possuir também: feijão, legumes, leite, carne, etc Mas se houvesse algo que servisse de meio de troca (pagamento), que possuísse um valor confiável, comum, e de aceitação geral para se adquirir diversas mercadorias, as sobras poderiam ser trocadas por este algo para a aquisição de outras mercadorias, e todo este processo seria agilizado. Surgiu então a idéia do dinheiro ou “ moeda “. Desde então, o gado, o sal, o bambu e até fios passariam a ser utilizados como meio de pagamento, mas os metais preciosos acabaram se sobressaindo, pois mostraram ser de aceitação geral, tendo uma farta e permanente procura, uma oferta limitada e, conseqüentemente, um preço estável e alto, não se desgastando e sendo reconhecidos por todos. Inicialmente os mercadores necessitavam pesá-lo, depois, com a cunhagem, por meio das quais se imprimia na moeda uma figura para mostrar o seu valor, não seria mais necessário o uso da balança. No entanto, a necessidade dos governantes de lançarem novas moedas, afim de quitar suas contas, de tempos em tempos, gerando a recunhagem, onde era necessário retirar de circulação as moedas existentes para o lançamento das novas, aproveitando para financiar o tesouro nacional, ou seja, de cada dez moedas retiradas, lançavam-se, por exemplo, onze novas, ficando uma para o soberano, trouxe o problema da inflação, pois para a mesma quantidade de bens existentes, havia agora uma maior quantidade de moeda gerando um acréscimo na demanda e, portanto, a elevação dos preços. Vem daqui a noção de que há uma relação direta entre o nível geral de preços e a quantidade de moeda em circulação. Mas, embora a inflação tenha nascido desta circunstância, a cunhagem continuou a ser realizada e moedas de metais preciosos se tornaram o principal meio de pagamento, derivando posteriormente para o papel moeda, que nada mais era do que o recibo que o cunhador (ourives) fornecia ao proprietário do ouro, que ficava guardado em seu cofre.
Este recibo, dava a quem o possuía (novo proprietário) a transferência do poder sobre o ouro depositado, sem nenhuma complicação no resgate do ouro diretamente. Assim, o recibo, passou a ser uma promessa de pagamento ao seu proprietário de determinado montante de metal, não alterando o seu montante. Com o desenvolvimento das atividades e instituições econômicas, esta promessa passou a ser feita pelos bancos comerciais e depois, pelos governos . O recibo tornara-se o papel-moeda, totalmente assegurado por metal (lastro) e conversível em ouro. No entanto, logo se percebeu que grande parte dos depósitos em ouro eram inativos. Haviam depósitos e retiradas de ouro, mas também haviam pessoas que simplesmente usavam e trocavam as notas sem exigir o ouro prometido, o que sempre gerava a permanência de um valor relativamente constante e percentualmente alto de metal imobilizado (parado). O movimento de retirada de ouro era de aproximadamente 10 a 20% do total em estoque. Os banqueiros, observando este fato, perceberam que poderiam fazer promessas de pagar em ouro muito acima de suas reservas (a descoberto) , e com isso, fazer aplicações lucrativas, como comprar títulos e ações, que rendiam dividendos, conceder empréstimos, cobrando juros a pessoas e empresas. Como exemplo, se os depósitos em ouro somarem o equivalente a R$1.000,00, e se o movimento de saídas em ouro for dez por cento, eles podem oferecer em empréstimos : R$10.000,00, pois, assim, suas promessas de pagar totalizam R$10.000,00 dos quais somente R$ 1.000,00, seriam exigidas, o que corresponde às suas reservas. Tendo como regra estas operações, a moeda, apesar de conversível, não era mais totalmente, mas sim fracionariamente lastreada em ouro. E portanto, os meios de pagamento em circulação se tornaram superiores às reservas em ouro existentes. Ao longo da história, muito se fez para que os bancos não quebrassem pela imprudência de seus diretores, emprestando muito além de suas reservas, e pondo em risco a segurança das instituições, bem como, a proteção dos depositantes, mas como vimos recentemente(crise de 2008 nos EUA), ainda não foi o bastante para evitar novas ondas de quebras bancárias. Com o desenvolvimento da economia monetária e com a consolidação dos estados nacionais, o controle sobre a moeda passou para as mãos das autoridades governamentais. Da emissão pelos bancos comerciais, as notas passam a ser emitidas pelos bancos centrais que ficam com o monopólio da emissão de papel-moeda. Aqui nasce a missão do Bancos Centrais de injetar dinheiro no mercado, para regular a inflação e administrar o crescimento econômico de uma nação. Em 1920, o lastro parcial, como vimos acima, que garantia a moeda, em relação ao ouro, deixa de ser praticado, rigorosamente por todos os países, não sendo mais possível converter-se em ouro as moedas existentes, exceto em trocas internacionais, mas com objetivos definidos e controlados pelos bancos centrais nacionais e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Assim, a garantia da moeda deixou de ser feita, em função do ouro e passou a ser feita pela Lei, portanto, no Brasil, é crime não aceitar Reais em troca de mercadorias, e assim, ocorre com cada país e sua moeda nacional. Não havendo mais a necessidade de ter que ter uma quantidade de ouro em estoque para regular a quantidade de emissão de moedas, as autoridades monetárias passaram a ter a possibilidade de regular a emissão de moeda de acordo com as exigências da vida econômica de seu país ou mercado.

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